23/06/13

De volta à escola primária

Há uns dia atrás fui à festa de final de ano da minha prima Francisca.
Como qualquer criança que se sente anfitriã da festa, Francisca estava tão contente que não conseguia fazer muito mais do que andar aos saltinhos e às gargalhadas, mostrando orgulho em ser finalista do 4º ano e de receber na sua escola toda a sua família.
O pátio, o corredor, as salas de aula, os desenhos que anunciam o Verão pregados nos placards e ,principalmente, o som, levou-me até à minha escola primária naquele jamais esquecido último dia naquela escola.
Nunca me vou esquecer como naquele dia do mês de Junho todas nós trazíamos o uniforme impecavelmente vestido e como nos apresentamos tão aprumadinhas e "arrumadinhas".
 Nunca me vou esquecer da imagem de todas nós sentadas, pela última vez, nos nossos lugares daquela sala que foi nossa durante 4 anos da nossa vida, a  ouvir com toda a atenção a última "lição" da professora que nos desejava "sorte e saúde" a todas.
Eu, sentada na 3º fila, apoiei a cabeça nas mãos e deixei as lágrimas caírem, sentido, pela primeira vez, a dor de quem não achava que estava preparada para deixar o conforto e carinho que só encontramos na escola primária,deixar a sala acolhedora, a irmã que olhava por mim enquanto a minha mãe não chegava e a escolinha pequenina onde conhecemos toda a gente, por uma maior e desconhecida.
Fui para o palco e cantei como ninguém a canção a despedida, agradecendo a professores, funcionários e pais. Na plateia, estava o público que nunca me faltou: a minha mãe, a minha avó e a minha prima Cristininha.
Guardei com toda a tristeza o material que me pertencia numa caixa e saí pela última vez daquela escola em lágrimas, levada ao colo pela minha prima Cristininha até casa.
Hoje, sou eu quem levo a Francisca pela mão.
Ela atravessa a porta da rua cheia de felicidade por ir para uma escola maior e despede-se dos amiguinhos e funcionários com alegria, desejando "boas férias" a todos, e eu saio com uma lágrima no canto do olho pelas recordações que só se tem quando se regressa a uma escola primária.




15/06/13

Junho

Desço pela Graça até Alfama de vestidinho de balão. Sou uma menina de rua, da vida que está cá fora e vou dançando pelas ruas ao som das marchas e do fado!
As portas abrem-se e mostram cozinhas, salas e quartos cheios de humildade e sem vergonhas. Casas com alma, casas com gente dentro!
A rua é minha! a rua é do povo, e o povo sai à rua e faz da rua uma festa!
Lisboa veste-se de Junho,veste-se de cor e enche-se de cheiro, cobre-se de flores para ver passar  a procissão. Ajoelham-se e choram os mais devotos ao verem o Santo casamenteiro ao longe, pedindo que lhes dê saúde, e os mais novos, descalços, vão pedindo moedinhas para o Santo.
Foi numa destas ruas  que me rendi a esta cidade, quando a vi entrar em Junho cheia de alegria e esperança.
Uma cidade que se enche de risos e conversas à janela, que se transforma neste mês! E eu gosto tanto dela assim!





(vagueando pelas ruas de Alfama no dia 13 de Junho. Após a "confusão" da noite anterior, no dia seguinte, há tradições que ainda se mantêm.
Fotos por:André Roma).

abraço,
Beatriz*