30/07/14

Diários de uma monitora de ATL II

Quinta feira, 30 de Julho de 2014

Neste dia, sentia-se no ar o ambiente típico dos últimos dias. Embora estivesse programada uma ida à praia no dia seguinte (último dia), as crianças decidiram organizar uma festa em jeito de despedida.
Eu não poderia estar mais contente, há muito que delegávamos responsabilidades de organização às crianças e cada vez corria melhor, nesta altura do ano, as monitoras apenas davam pequenas orientações, o que era muito satisfatório.
O mês de Julho estava a acabar, e, embora nesta altura em menor quantidade, havia ainda um grupo de crianças que já estavam comigo desde Outubro, a tempo inteiro desde o dia 6 Junho. Passávamos muito tempo juntos, desde as 8h30 às 18h00 e eu senti que cresceram mais nestas férias do que durante todo o ano letivo. Sem dúvida que o caráter mais descontraído e facultativo das atividades que preparamos para as férias lhes deu maior prazer e motivação, e a nós, monitoras, permitiu trabalhar outras competências e projetos que, devido às limitações de horário, nos era impossível trabalhar durante o ano letivo.
Foi uma tarefa difícel a de preencher as férias das nossas crianças, equilibrando entre tempos livres e atividades organizadas. Mas acho que nos saímos bem a contar pelos sorrisos e pela recusa em ir para casa no final do dia. Ao olhar para o ATL sentia que se fosse criança gostaria de ali estar.
O facto de não termos recursos para atividades mais" radicais "e saídas todos os dias, só aumentou a criatividade das nossas crianças que com pouco criaram atividades e brincadeiras dignas dos melhores "Campos de Férias", aproveitando paletes para abrigos numa guerra de balões de água ou brincando aos fantasmas com aquilo que estava mais à mão.
A maior conquista deste Verão foi olhar para as minhas crianças e sentir que somos um grupo que é feliz à sua maneira!

17/07/14

Todos os dias...

Todos os dias há alguém que me quer fazer uma trança. Todos os dias há alguém que me vem contar um segredo que eu já sei. Todos os dias há discussões.Todos os dias há abraços e gestos de solidariedade. Todos os dias inventamos uma brincadeira nova. Todos os dias há sempre alguém mais sensível que não quer brincar e só precisa de abraços e miminhos. Todos os dias abro o meu livro no intervalo da hora do almoço, mas só leio uma frase. Todos os dias oiço chamar pelo meu nome mais de 50 vezes.
Todos os dias há gritos, mas também há gargalhadas.  Todos os dias descobrimos uma coisa que ainda não sabíamos sobre alguém.Todos os dias alguém é picado por uma abelha.Todos os dias há alguém cansado que quer ser levado às cavalitas. Todos os dias há arranhões e feridas que saram com pós mágicos. Todos os dias eles crescem mais um pedacinho.Todos os dias aprendemos a ser um grupo.Todos os dias temos de "expulsá-los" na hora de ir embora . Todos os dias, por entre todas as responsabilidades e tarefas, sou também eu um pedacinho criança, e eles adoram!
 Hoje foi bonito vê-los a brincar ao lencinho vai na mão e ao barqueiro, atividades que poderiam ser mais infantis para os meus, auto-intitulados, "pré-adolescentes". Todos os dias eles só precisam de um sítio seguro onde possam ainda ser crianças.
 Todos os dias eles surpreendem-me.E há dias que o coração vem cheio.