31/12/13

Feliz Ano Novo!







O que fica do ano: o abraço a que regresso sempre que estou em casa !

Feliz 2014*

com amor,
Beatriz

24/12/13

Feliz Natal!


Ainda o mês de Novembro ia a meio, e já algumas das crianças que acompanho elaboravam cuidadosamente a sua carta com os desejos para este Natal. De entre todas as cartas que tive a portunidade de ler, estas duas fizeram-me parar e reflectir.

Aqui ficam:

"Querido Pai Natal,

Estou a escrever-te esta carta para pedir-te que a minha mãe melhore e que fale com Jesus para cuidar bem da minha irmã que está perto dele e também do meu gato Chicinho. Também quero pedir-te que a minha mãe chegue mais calma a casa porque ela tem chegado muito nervosa. Queria também pedir-te para que eu fique sempre na lista dos mais bem-educados na escola."

G. 10 anos


"Querido Jesus,
Estou muito triste porque a minha professora de matemática está grávida e o bebé está em risco de vida. Eu peço-te que faças um milagre e ponhas a minha professora e o bebé a salvo.
Agora vamos falar de um outro assunto: o meu pai precisa de um bom trabalho onde ganha mais dinheiro. E também queria pedir-te que acabe a crise."

S. 10 anos


Fiquei surpreendida por não encontrar nenhuma referência a algum brinquedo ou algo mais material, mas feliz pela inocência dos pedidos, pelo amor e humanidade presentes nestas cartas. Desejei fortemente que, de alguma forma, os seus desejos fossem realizados.
Espero que neste Natal sejamos todos mais humanos.

Feliz Natal!
Beatriz


05/12/13

Hoje é o dia internacional do voluntariado. Para quem me conhece sabe que é uma data que me diz muito e que não podia deixar passar em branco. 
Já há muito tempo que faço voluntariado e posso dizer que devo à minha ação como voluntária grande parte daquilo que sou hoje. Grande parte dos dias, estive apenas sentada a ouvir histórias, a dar um pouco de atenção, a devolver um pouco de dignidade àqueles que tão pouco têm. Na maior parte desses dias, deixei muito de mim,  nas ruas e bairros de Lisboa. Mas ainda que tivesse deixado tudo o que tinha a dar, fui tão cheia para casa.
Olho para o  voluntariado como um caminho. Um caminho que fui traçando e que me fez evoluir, crescer. Primeiro, sob orientação daqueles que muito me ensinaram e, mais tarde, tornando-me também eu numa "orientadora" para alguns voluntários que fizeram equipa comigo.
Mas acima de tudo, o voluntariado, muito através das realidades que fui testemunhando e das histórias que me confiaram, tornou-me um ser mais consciente e ativo,fez-me adotar uma outra atitude perante a vida, não só nos dias de voluntariado, mas no meu dia-a-dia. Fez-me talvez sentir mais Humana, mais atenta às pessoas que por mim passavam. E ,consciente de que a minha atenção, ou “uma conversa amiga”,era um grande “poder”, comecei por tornar o dia de algumas pessoas mais feliz.Tornei-me num "agente de mudança".
Esta é, na minha opinião, uma das melhores formas de exercer política. Como disse Marjorie Moore, “O Voluntariado é o exercício máximo de Democracia. Tu votas nas eleições uma vez em anos, mas quando te voluntarias, votas todos os dias sobre o tipo de comunidade em que queres viver.” Eu estou lá, e escolho todos os dias , através da minha ação, o tipo de Mundo onde quero viver. Não importa se o impacto da minha ação irá atingir uma pessoa, ou cem, o mais importante, para mim, é que eu e os meus voluntários adotemos uma postura de mudança nas nossas acções diárias.

Tenho a sorte de estar num associação que me deu espaço para crescer e desenvolver as minhas próprias ideias. Uma associação que, com poucos recursos, me obrigou a ser criativa e a fazer a mudança com pouco. Uma associação onde percorremos longos caminhos a pé, muitas vezes sob chuva, para chegarmos àqueles que estão à nossa espera e que anseiam pela nossa visita
Mas no final do dia, o que conta é o sentimento de serenidade e paz que sentimos por termos sido a diferença no dia de alguém, ainda que só tenha ficado sentada a ouvir atentamente o que tinham guardado para partilhar comigo, a ouvir as histórias que nos torna a todos mais Humanos.


com amor,
Beatriz
(texto escrito meia a dormir, meia acordada)