27/09/16

Setembro

Setembro foi o mês que me acolheu pela primeira vez nesta cidade emprestada há sete anos.
Não sei o que ainda trago em mim desta menina de 17 anos.
Os sonhos que trazia mudaram, mas talvez permaneça ainda a mesma vontade de os concretizar.


24/09/16

Uma escola para todos

Mais um início de ano letivo.  Podia falar -vos da minha pequenina escola e de como tudo está a correr bem por lá.Como as crianças estão felizes e de como nós as acompanhamos no final das aulas. No entanto entro no novo ano em luta juntamente com alguns pais e mães de meninos com necessidades educativas especiais. Falo de crianças com autismo que estão inscritos em unidades numa escola que se diz para todos. Há pelo menos dois anos que assisto, sem muito conseguir fazer, ao desespero dos pais que no início de cada ano deparam-se com o dilema da ocupação dos tempos livres dos seus filhos que integram o 2º e 3º ciclo, após o fim das aulas. Porque numa escola para todos estas crianças seguem os horários das turmas regulares o que quer dizer que no máximo às 14h os pais terão de os ir buscar. Ora como qualquer pai ou mãe o emprego dura um pouco mais que as duas da tarde e falamos aqui de crianças que dependem de um adulto e que não podem simplesmente apanhar um autocarro e esperar em casa que chegue os seus pais. Soluções? ATLs que não os aceitam ou que são demasiado caros.
Felizmente, sei que algumas escolas e juntas de freguesia já arranjaram soluções,mas sei que algumas ainda não e, infelizmente, neste país nunca se presta muita atenção às minorias. Acompanho com alguma proximidade o drama e a luta que existe no início de cada ano lectivo e sei de casos em que mães tiveram de pedir redução de horário para os conseguir ir buscar baixando consideravelmente o seu ordenado.
Pergunto-me se isto é uma escola para todos? Se é este o modelo que queremos  que não olha para a criança como ser individual e que a obriga a formatar-se a um modelo de escola que já não serve à maior parte. Pergunto-me se quando falamos de inclusão é a isto que nos estamos a referir.
Tomo esta luta como minha,porque algures no meu percurso fiz parte da solução e peço aqueles que acham que esta não é a sua luta que pensem numa escola melhor e que pensem que nunca sabemos o que o futuro nos reserva.
A estes pais e mães que saibam que são uns lutadores e que acredito ainda que um dia as nossas escolas serão um sítio melhor verdadeiramente para todos.
Com amor,
Beatriz Camacho