23/08/14

Para o/a meu/minha filho/filha

Querido/a filho/a,

Neste momento da minha vida em que te escrevo tu nem sequer existes, nem sequer és um plano de curto prazo, nem sequer fazes parte do meu pensamento nem das minhas prioridades.
Parece estranho que te esteja a escrever, visto que neste momento és apenas uma possibilidade que pode até nunca vir a acontecer. Mas talvez um dia também tenhas 22 anos e  a vida te pareça um bocadinho preta e branca e aí irás lembrar-te do que te escrevi nos meus 22.
Filho/a espero do fundo do meu coração que cresças com convicções fortes e sólidas, mesmo que não sejam iguais às minhas, desejo que as tenhas e que as defendas, que olhes à tua volta e não fiques de braços cruzados nem optes pelo caminho mais fácil. Espero que tenhas a capacidade e direito de promover a mudança à tua volta e de lutares por aquilo em que acreditas.
Se fores uma menina espero que saibas que podes ser aquilo que entenderes independentemente dos estereótipos de género, independentemente da roupa ou da maquilhagem, dos sapatos de salto ou dos decotes. Não precisas da aparência para conquistar o respeito dos outros. Quero que saibas que tens o direito de ser respeitada!Que tens o direito de ser bem tratada apenas por teres nascido. Tens o direito de ser respeitada enquanto mulher, enquanto ser-humano.
Se fores um menino quero que saibas que ser homem é sentir-se bem consigo mesmo, e sentires-te bem contigo mesmo ao ponto de não precisares de desrespeitar nem rebaixar as outras pessoas só para te sentires bem.Que podes e deves lavar o chão, cozinhar, tratar da roupa e ajudar nas tarefas domésticas sem que te tenhas de preocupar com a tua masculinidade. Podes fazer, pensar e agir como quiseres porque não és "menos homem" devido a isso.
Sejas rapaz ou rapariga quero que saibas que não tens de tolerar seres maltratado/a. Nunca!
Quero que saibas que vais errar muitas vezes, que isso fará parte do teu crescimento e que muitas vezes te vão fazer sentir mal por teres errado.Mas que não faz mal, o erro é necessário.

com amor,
Beatriz Camacho