31/12/12

memórias e desejos















E o ano fica velho e vai ficando para trás, as memórias quase que já pertencem ao “ano passado”, um ano em cheio como todos os anos da minha vida, embora uns mais decisivos do que outros.
Um ano de fitas de finalistas e do encerrar de mais uma fase. Um ano cheio de amor, amor que recebi e amor que dei de olhos fechados, amor incondicional por quem partiu e já não volta, por quem partiu e eu corri atrás.
Foi este ano que me elevou o espírito por caminhos por mim desconhecidos  e acordou forças que estavam cá dentro adormecidas prontas para sair fazendo-me perceber que trago cá dentro mais do que aquilo que pensava.
 O ano em que larguei a mão daquela que me guiou na minha pequenez e me fez percorrer um novo caminho sozinha, um ano em que encontrei serenidade e paz interior mesmo quando tudo à minha volta entrava em erupção. Um ano que chorei e ri ao mesmo tempo ao partilhar memórias.
Foi este o ano em que descobri que é impossível empacotar três anos de vida em doze caixotes e disse adeus à casa que me viu chegar a um mundo novo aos 17 anos. O ano em que disse olá a novos colegas de casa, e aprendi a apreciar a companhia de um cão.
 Sorri mais do que chorei, deixei entrar pessoas novas no meu coração e não deixei sair algumas. Disse mais “olás” e menos “adeus”, disse “adeus” que foram “olás” e aprendi que é importante dizer que não, mas se dissermos “sim” mais vezes, coisas surpreendentes podem acontecer!
Descobri a felicidade num balde de pipocas e dentro de uma bola de Natal à meia-noite no Rossio, a mesma felicidade numas meias quentinhas depois de uma caminhada à chuva! E descobri que afinal sempre chegamos ao sítio onde nos esperam, mesmo que seja de uma outra forma, com outros sentimentos. Apercebi-me que se expandirmos o amor que temos, receberemos mais amor, se dermos abraços recebemos abraços e se sorrirmos mais as pessoas que passam parecem muito mais felizes.
Aprendi a não deixar para trás aquilo que quero fazer e parti sozinha para novas descobertas, num concerto, exposição, numa tarde ao sol,mas no meio de tudo isto percebi que a maior das felicidades é aquela que é partilhada!
Descobri a felicidade que há dentro de um doce de abobora, a felicidade de um abraço pequenino que nos espera, a felicidade de fazer a diferença na vida de alguém que ainda está a crescer e não sabe o que é o mundo.
Espero que o próximo ano vos surpreenda, que dancem à chuva e saltem nas poças de água que vão encontrando no caminho, que desenhem muito ou criem qualquer coisa a que possam chamar de vossa, que beijem alguém que vos ache bonita e que caiam num abraço sem fim, que lutem por um amor que achem impossível, e que dêem sempre aquilo que querem receber. Oiçam boa música, mas cantem funky e pimba se isso vos alegrar, inventem músicas que só vocês conhecem com letras que não fazem sentido, dancem como se ninguém vos estivesse a ver. Criem projectos que nunca pensaram ser possíveis, falem com o desconhecido do autocarro ou com a senhora da porta em frente que se sento só.
E surpreendam-se a vocês mesmos neste novo ano, porque a vida são dos dias!

Obrigada a todos os que fizeram do meu 2012 um ano tão bom!

25/12/12


Estou ocupada com aquilo a que chamo "viver" e  "aproveitar todos os momentos" . Escreverei depois, quando tudo estiver mais calmo e a rotina voltar a reinar os meus dias, quando a emoção dos momentos já passou e já me deixa reflectir.

A todos os que me lêem desejo um feliz Natal, lembrando que abraços e amor nunca são de mais!
 Um natal cheio de amor e conversas à volta da mesa!

"Que o melhor de cada um de nós seja dado como prenda a quem quiser receber."

beijos e um até já*


11/12/12

Trouxe tudo menos o que precisava

E ela chegou carregada.
Trouxe tudo menos o que precisava numa bagagem cheia de nada.
Veio a abarrotar de coisa nenhuma, de inutilidades que despejou em cima da mesa.
E foi embora.
Corcunda, carrega às costas o peso daquilo que traz e o que não traz é aquilo que mais precisa, é o que faz falta.
Talvez um dia se liberte da "coisa nenhuma" que tem em si e, quem sabe, descobrirá que somos  mais leves quando cheios de tão pouco.

Boa noite!

02/12/12

olá Dezembro!






Dezembro chegou com a gulodice de comer o primeiro chocolate da janelinha do dia "um" do calendário de Natal (nunca se é demasiado crescido para contar os dias que faltam até ao natal certo?).


Chegou com as mudanças na associação feitas com a ajuda de alguns voluntários e amigos.




Chegou com a vontade de me "encasacar" toda, sair de casa e ir provar coisas novas!



Chegou com a vontade de descobrir cantinhos iluminados e cheios de sol na cidade para me aquecer!



Pois é, Dezembro é sempre um mês especial e por isso encho-me de alegria ao recebê-lo, ao saber que falta pouco tempo para ir para casa, que tenho uma família barulhenta pronta para a festa que aí vem e que vou encher o meu estômago de coisinhas boas feitas pela minha mãe!
Dezembro é sempre muito desafiante para mim que tento absorver e viver ao máximo tudo o que este mês tem de especial numa tentativa de sentir o espírito natalício que se "esconde" pelos cantos da cidade!

Bom mês de Dezembro a todos e

até amanhã!

29/11/12

Mudanças e obras

Foi na passada segunda-feira que apanhei o meu último "solzinho" enquanto trabalhava no  projecto na sede da Associação.
Era já um ritual, eu ponha-me a jeito e ele (sol) aquecia-me e confortava-me enquanto trabalhava.



Pois é, as obras já começaram!!!E enquanto as obras decorriam na nova sede, eu e o Duarte tratamos de empacotar e arrumar tudo para as mudanças. Com alguma confusão e stress próprio lá conseguimos fazer as coisas e é já no próximo sábado que vamos dizer adeus pela última vez ao "velho" apartamento em Arroios e dizemos olá à loja nas Olaias!














Ainda falta muito trabalhinho e muitos materiais, mas devagarinho lá vamos construíndo a nossa nova sede.





 Um muito obrigada a todos os que nos ajudaram a arrancar com as obras!!

Até amanhã e boas conversas!

28/11/12

Escape






E chega o momento.  Os holofotes acendem-se e tudo aponta para mim ainda que só haja uma sala vazia e um espelho.A mente e o corpo fundem-se e fluem num só.
Respiro fundo. A música começa levando-me de volta aos contos de fadas que julgava já não existir.
O coração bate mais depressa.
Deixo de pensar.Agora é sentimento,emoção.
Entro em cena.
A felicidade já não cabe em mim e começa a querer sair para fora do meu corpo.Começo a transbordar.Elevo-me nas pontas dos pés e cresço. Abro o coração ao público e deixo sair a paixão que está cá dentro e que quer sair, materializo-a em movimentos que fazem mecher o meu corpo sem controlo.
Olho para o céu. Sinto que sou capaz de voar e salto elegantemente pela sala. O espelho reflecte um novo eu que se transforma,renovado. Ergo a cabeça levantando o pescoço.Sem medo de nada.
 O mundo parou e eu continuo a dançar. Os braços saem do meu corpo como se fossem autónomos e a mim não pertencessem mais.Giro sobre um só pé numa piruette que não tem fim. O mundo gira comigo e sai do lugar.
 Desejo ficar assim infinitamente. Aceno ao público que me veio ver.
Olho para a camara. Sou a actriz do filme que eu criei.Sorrio sentido-me feliz com a minha personagem. É o meu "Amelie Moment".
Sinto-me a deslizar pelo chão e a adrenalina toma conta do meu corpo à medida que a música avança.
E salto.
Rodopio.
Deslizo.
Chego ao fim. A exaustão. Mantenho-me firme e fiel ao meu público.Agradeço.
E só depois...
Caio no chão e tudo desaparece, deixei tudo ali. Estou nua,exposta e frágil no meio do estúdio de dança.
Volto a acordar e a vestir-me com um novo amanhecer,voltando ao real para mais um dia na cidade.

23/11/12

Boa noite!


Quentinho

Coloco-me estrategicamente a trabalhar virada para o sol, mas ele tarda em aparecer.
Talvez hoje não me venha aconchegar, não venha aquecer a tarde fria que se espera. 
continuarei à espera...

Bom Dia!

18/11/12

Ajuda Amiga

A minha greve prolongou-se por mais uns dias no que toca a vir ao blog, mas tudo se deveu à correria de loja em loja para conseguir passar uma mini DV para digital, numa aventura que um dia  irei-vos contar mais detalhadamente, entretanto fiquem já com o conselho: antes de fazerem filmagens verifiquem se têm todas as condições para conseguirem passá-las para o computador, principalmente se forem "nabos"no que toca a  instalar programas, como é o meu caso.
Bem, problemas à parte, hoje venho-vos falar de um assunto importante para o qual vou precisar de toda a vossa ajuda.
Para quem não sabe, algumas horas da minha semana são passadas numa associação onde faço voluntariado que se chama Associação Conversa Amiga (ACA) onde sou coordenadora de um projecto que "trabalha" com crianças, do qual irei falar-vos mais à frente.
Esta associação faz parte de quem eu sou, e é uma grande parte da minha vida pois proporcionou-me um enorme crescimento a nível pessoal e grandes amizades . Foi na ACA que descobri uma nova forma de ver e estar no mundo e estar nesta Associação é muitas vezes a melhor parte do meu dia,é o que faz com que chegue à cama,ao fim do dia, a pensar que o meu dia valeu a pena.
Costumo dizer que a ACA é uma associação diferente das outras porque cuida dos seus voluntários,não quero aqui dizer que outras também não cuidam, centrando-se na ideia de que a mudança primeira deverá ser no voluntário, que este deve ser uma pessoa que ajuda, mas que também deve ser ajudada, que deve crescer com a experiência, tornar-se mais consciente.
E o que é que nós fazemos? É simples,  levamos momentos de felicidade a pessoas que se sintam sós, levamos conversas,sorrisos e por vezes abraços,"espalhamos" afectividade por alguns sítios da cidade de Lisboa e procuramos criar laços de amizade com estas pessoas que vivem na rua,com estas crianças e idosos que se sentem sós, que é coisa que os homens se esqueceram,segundo a raposa do principezinho.
Esta semana, celebramos o nosso 5º aniversário com uma grande conquista. Finalmente, a Câmara Municipal de Lisboa atribui-nos um espaço, que nos irá dar um grande alívio a nível financeiro,visto que não vamos ter de pagar renda.
Mas há um pequenino problema. O espaço está assim:



Como vêm é preciso muito trabalho e para podermos começar as obras precisamos pelo menos de 500 euros para comprarmos materiais.
E é aqui que vocês entram, sem querer abusar da vossa vontade, pedia que partilhassem este post, que ajudassem com uma pequena quantia (aquela que conseguirem dar),ou se quiserem podem também sugerir outras formas de ajuda (materiais,etc).

Quem quiser ajudar monetariamente pode fazê-lo para este nib: 0035 0063 0010 3714 4307 5

Fica aqui a minha promessa de um agradecimento muito especial a quem puder ajudar e de publicar a reportagem fotográfica desde o início das obras até o seu fim, para que possam ver o resultado da vossa ajuda!

Até amanhã!


14/11/12

Estamos em GREVE!!


 

 

 

 

 

 

 

 

 

  A autora do blog está em greve.  Hoje não haverá novas publicações!

12/11/12

"I believe in yesterday"



Claro que o entusiasmo inicial me fez escrever desenfreadamente como se não houvesse amanhã. Foi mais ou menos como uma tempestade criativa aquilo que se abateu sobre mim e me fez escrever.
Sábado à noite tive oportunidade de assistir a um concerto de tributo aos Beatles. Foi só dar um saltinho ali ao lado à casa do meu vizinho "Sou", um espaço amigável e familiar na rua Maria.
O concerto fez lembrar o ambiente que envolve a família reunida na sala pronta para passar um bom serão.As cantoras no sofá entoavam as mais conhecidas, e as não tão conhecidas, músicas dos Beatles. Nós à volta delas sentados no chão, fazíamos de coro. Uns cantando as músicas do início ao fim sem hesitar, outros arriscando nos refrões e em algumas palavras, mas todos sem excepção demos o melhor de nós na hora de cantar o "Hey Jude" como se já a tivessemos cantado todos juntos num outro momento. Foi um momento alto e arrepiante e foi bom partilhá-lo com alguns amigos e com os desconhecidos sentados ao meu lado.
Vim para casa a saltitar ainda envolvida pelas melodias que me tinham abraçado nessa noite e a pensar que a vida está cá fora escondida nestes pequenos momentos de felicidade que tento agarrar e prolongar por mais algum tempo através da escrita.
As músicas não me saem agora da cabeça e farão certamente parte da banda sonora desta semana.

"nothing's gonna change my world"

até amanhã!



10/11/12

Do papel para o blog (A Beatriz volta a escrever)

Hoje escrevi a minha última página do meu "caderno de registos", a palavra diário nunca me caiu bem. Como muita gente, nunca pensei que conseguisse escrever mais do que três linhas todas rabiscadas na primeira página. O destino de todos os outros "cadernos" foi um resto de vida numa prateleira. Não sei, talvez a causa deste meu triunfo tenha sido o espelho que a capa do caderno tem (quem me conhece sabe deste meu fascínio por espelhos, e quem mo ofereceu acertou em cheio) ou talvez, não querendo cair no cliché, a velha história de escrever para sermos ouvidos.
Bem, aqui também não importa a causa estou muito feliz com a minha conquista e quis partilhá-la com vocês, ou contigo mãe porque sei que és a única leitora que não me falha, ou talvez mesmo a única.
Esta "coisa" de partilhar a escrita também é nova para mim, mas começa a fazer sentido, visto que o papel está caro,só espero que não tenha o mesmo destino dos cadernos e vá parar.... (bem, não sei bem onde residem os blogs abandonados) e para que se exerça uma grande pressão sobre a minha cabeça fica aqui o compromisso de actualização do meu blog no mínimo uma vez por semana este é um dos grandes objectivos para os meus 21 anos!!!

e é isso... espero que tal como a primeira página do meu caderno que hoje acaba, este post seja o começo de algo novo.

até amanhã!


02/02/12

If...




"If I had my life to live over,I'd try to make more mistakes next time.
I would relax.
I would be sillier than I have been this trip.
I know of very few things I would take seriously.
I would take more chances.
I would take more trips.
I would climb more mountains,swim more rivers and watch more sunsets.
I would have more actual troubles and fewer imaginaty ones.
you see,I am one of those people who live prophylactically and sanely and sensibly.
Oh,I have had my moments and,if I had to do it over again,I'd have more of them.
In fact I'd try to have nothing else,just moments one after another.
If I HAD MY LIFE TO LIVE OVER
i would start bare- footed earlier in the spring and stay that way later in the faul.
I would play hooky more.
I would ride on more merry-go.rounds.
I'd pick more daisies"

Estas palavras não são minhas, na verdade, não sei a quem pertencem, mas lembro-me de as ler pela primeira vez quando estava numa aula, na academia de inglês e logo me "apropriei" delas .
Gosto de relê-las porque faz-me lembrar que não preciso de ter a minha vida  numa folha branca para começá-la de novo, para torná-la diferente (faz sentido?), que não preciso de resoluções de ano novo, nem esperar pelo meu aniversário para torná-la menos "séria", mais proveitosa e divertida, para fazer promessas do género "este ano não vou fazer tal e vou fazer mais tal" .
Cada dia é uma nova oportunidade para mostrarmos um "eu" melhorado é uma nova oportunidade de viver o dia da melhor forma, de sermos realmente aquilo que queremos ser e fazer sem adiar, ou esperar por "dias melhores" que tardam em chegar. Cada novo dia é realmente isso é "novo" e como qualquer coisa "nova" tens o poder de fazer o que realmente queres  para que chegues ao fim do dia e te consigas deitar sem nenhum "e se?" a atormentar-te o pensamento.


28/01/12

 
 
 
 
(...)
sabes dizer quanto amor tens dentro de ti?um quilo? um litro?
não sabes,pois não?
então esquece a matemática.
inventa o que não existe.
porque o que existe é de todos.
mas se conseguires encontrar o que não existe,ficas com uma coisa só tua.E se alguém perceber o que só tu vês,significa que encontraste uma pessoa que consegue viver-te.
não a deixes fugir!Pára-a!viva-a!conta-a!
as histórias são como as pessoas.
não existem para estarem sozinhas.
noutro sítio do mundo,há-de existir alguém que vive uma história que se reflecte na tua.
olha à tua volta!
essa pessoa não está assim tão longe de ti.
é a outra metade do livro.
não percas tempo a escrever mais páginas...
Procura-a!
o resto,vão escrevê-lo juntos.
porque não há nada mais bonito do que duas históris que se encontram.

por: giulia carcasi,quantas estrelas tem o ceu?

27/01/12

A solidão que pinta a cidade




(trabalho que resulta de um vox pop feito nas ruas da nossa cidade.
Captação de imagem e montagem por:Beatriz Camacho)

21/01/12

 

 O Sotão do Chapitô


O edifício do Chapitô não passa despercebido a quem passa na rua da Costa do Castelo. Este edifício que "acolhe" uma escola de artes bem conhecida pelos Lisboetas,apresenta-se como um espaço privilegiado para  contemplar a cidade, ao fim da tarde, no bar e restaurante em que esta escola se “transforma”.Embora esta escola seja famosa, não só em Portugal, como em todo o mundo, o que muita gente não sabe é que o Chapitô vai muito para além de uma “simples” escola de artes. E que, no cimo do edifício, na Casa do Castelo, vivem Renato, Paulo e Daniel todos eles alunos desta escola.
Paulo relembra o dia em que soube que entrou no Chapitô. Nesse dia, de tão impaciente que estava chegou à escola às oito da manhã. Depois de esperar que a escola abrisse, uma hora depois, viu o seu nome em último lugar da lista dos admitidos. Não coube em si de contentamento, visto que, ter ido parar àquela escola foi uma questão de sorte, porque  não estava preparado fisicamente para as provas de admissão.
Um mundo inteiro de oportunidades logo lhe surgiu à frente com a entrada nesta escola.A partir de então, novos sonhos e objectivos foram surgindo. Para trás ficou o curso de cozinha e de turismo, pela frente um sonho:“Viajar pelo mundo inteiro com uma família de circo”.
Daniel,o mais novo dos três, já teve a oportunidade de viver essa experiência.Com apenas 15 anos, decidiu “fugir” durante o Verão com a companhia de circo que estava na sua terra (Saborosa). Ao princípio, os pais não acharam muita piada à ideia devido ao facto de ser tão novo, mas, agora, já estão habituados e apoiam-lhe em tudo.
Já com Renato foi diferente. Desde os seus 16 anos que sonhava com um lugar nesta escola de artes e a sua vontade e persistência foi tanta que se alistou na marinha a fim de ganhar dinheiro para pagar parte do curso. As suas boas notas, e a bolsa de mérito que recebeu pagaram o resto.
Paulo relembra o quanto foi difícil convencer o pai a assinar a autorização para poder entrar na escola (visto que naquela altura ainda era menor) mas afirma que hoje conta com o apoio da família que no fundo só quer o melhor para ele.
Para quem não teve a sorte de ser apoiado pela família, como Renato, pode contar com o apoio de uma outra família, a família  chapitô. “A minha família queria que eu fosse engenheiro ou médico e não um palhaço porque as pessoas pensam que quem vai para o Chapitô é um palhaço”.

Para Daniel Lisboa era uma cidade distante por ele (pouco) conhecida nas poucas visitas de estudo que veio fazer. Veio para Lisboa atrás do sonho de conseguir um lugar ao sol na sua praia: a das artes circenses.
Entrar para o Chapitô não foi difícil devido ao facto de já fazer feiras medievais há algum tempo. Mais difícil foi gerir a liberdade. “Dicidi dar uma festa de Halloween lá em minha casa, depois fomos expulsos, e não tinha dinheiro nem sítio para ficar”. Foi nessa altura que o Chapitô lhe abriu as portas da casa do Castelo e lhe deu trabalho no Restô (restaurante do Chapitô). Ao inicio, Daniel não gostou muito da ideia e sentia-se descriminado porque ”Os alunos do Chapitô vêm a casa muito diferente do que ela é por ser da acção social, colocam logo o rótulo de prisão”, afirma Daniel que agora não se imagina a viver noutro lugar.
Paulo desmistifica logo esse preconceito existente entre os outros alunos:”Viver nesta casa é óptimo” . Este jovem está consciente de que o projecto de acção social lhe trouxe oportunidades que certamente nunca mais terá na vida. Viver naquela casa não só lhe facilitou a vida a nível financeiro, como contribuiu para o seu desenvolvimento pessoal porque começou a ganhar independência, de uma forma gradual, contando sempre com a ajuda de técnicos prontos para o apoiar. Paulo não pensa em viver noutro lugar e sabe que ali está bem melhor do que em Sintra onde vivia, “Aqui cada um de nós tem 30 euros por semana para comprar comida” .
Renato olha para os seus colegas e diz: “eles não são meus colegas, são meus irmãos”. Este artista conta já com três anos na casa do castelo e relembra a maneira como foi acolhido “Saí de um bairro social e as pessoas do Chapitô, que nem me conheciam, deram-me um voto de confiança que nem a minha família me deu”. Depois de estar na casa foi ganhando a confiança e o carinho das pessoas que lá trabalhavam e conseguiu arranjar trabalho.
As ligações entre eles e o ambiente na casa é incrível os três justificam-se dizendo que os artistas são mais receptivos e abertos, e isso é que faz do Chapitô uma escola diferente das outras é poderem estar na esplanada a falar com um professor que é como se fosse um irmão. São sem dúvida laços fortes que os unem, tão fortes queDaniel chega mesmo a afirmar:”Eu não gosto de Lisboa, prefiro a minha terrinha, mas agora já me custa deixar isto, devido às ligações que aqui fiz”.
Todas as noites reúnem-se à volta da mesa para partilhar a refeição, com sorte feita por Paulo (eleito o melhor cozinheiro). Antes de começarem a comer, não se esquecem de agradecer àquela que lhes abriu um futuro bem melhor do que aquele que imaginavam.Com vozes firmes ouvimos soar por toda a casa: “obrigada Teté.”