26/03/17

Dias de Chuva

Dias em que a alma acalma e recolhe o coração no quentinho da casa*




A mão que embala o berço

A mão que embala o berço é a mão que governa o mundo. E foram as mãos que me embalaram que anos mais tarde tricotaram o símbolo da resistência, para que eu nunca me esqueça que o lugar da mulher é onde ela quiser.
A verdade é que, as mãos que embalam o berço, são as mãos de mães e mulheres que têm em si o poder de educar para que daqui a alguns anos não seja preciso reivindicar absolutamente nada neste dia.


10/02/17

Cidade emprestada, cidade partilhada

Elas são como um furacão. Chegam e invadem Lisboa, trazem o sol e a chuva e as malas carregadas de ligações à terra.
Invadem a minha casa, a minha cama e o meu coração.
Chegam, fazem-se notar e deixam rasto em forma de arroz de verduras e soupa a arrefecer em cima do balcão.
São elas as melhores amigas que posso ter, sempre prontas a dar e a tirar a corda e a passar uma manhã na lavandaria a lavar roupa. A descobrir Lisboa a pé.
Chegam, impõem a ordem e metem os meus pés no chão.
E depois vão, e eu, por entre a saudade, restabeleço o meu equilíbrio.


24/01/17

Desejos

Os mês já vai no fim, mas para mim não há mês melhor ou pior para fazer balanços e pedir desejos. Todos os dias são de reflexão , todos os dias são oportunidades mágicas para que os nossos desejos se realizem.

Enquanto me demoro nas minhas reflexões, delicio-me com os desejos destas minhas pessoas de palmo e meio. Tão simples e concretos nos seus pedidos. Desejos tão ingénuos que nos arrancam um sorriso.

Espero que de alguma forma, os seus desejos se realizem.




03/01/17

Recortes do meu Natal


Tp 1630, 21h00 . O avião oferece-nos o último presente de natal quando dá a volta para se colocar em posição de descolagem e temos um último vislumbre da nossa ilha toda iluminada.
Desligo o telemóvel quando soa o aviso do chefe de cabine. Olho para o lado e a rapariga deixou o telemóvel em cima da mesa, consigo ler um “gosto de ti” enviado para a mãe. Também eu tinha feito o mesmo minutos antes. É impossível não dizer o quanto nos amamos quando temos um bilhete sem data de regresso, quando passados sete anos, a lágrima cai ao subirmos as escadas rolantes e vemos os nossos mais queridos a desaparecer à medida que a escada sobe.
Mais um natal. Cada vez tenho menos presentes debaixo da árvore, cada vez venho menos tempo, mas cada vez vivo-o mais intensamente. Porque há medida que o tempo passa são os natais a única oportunidade do ano para ver todos aqueles que mais gosto. E ainda assim faltou o Rodrigo, a tia Dalila, tio Gonçalo e as primas.
Foram quatro dias intensos, onde o pouco encheu-se de sentimentos tão bons que não deixou nenhum espacinho para sentimentos maus.
Olho para aminha árvore Natal que a mãe fez tão dedicadamente e peço com muita força que por mais longe que a vida me leve, retorne sempre a casa para um Natal. E que os meus filhos um dia também saibam o que é acordar aqui com o cheiro da carne de vinho alhos, que bebam do cacau quente e que riam e chorem na troca de presentes.
E que eu possa sempre ter-vos a todos na minha vida. A tia Anita que chora sempre,;o tio Paulo que só diz disparates,;o tio Lourenço, que, no dia de Natal, recebe sempre uma chamada para abrir uma porta; o avô que oferece sempre prendas para os animais da família; a Cristininha que me estica o cabelo e maquilha; a tia Helena que só ouve de um ouvido; a Mariana que dança sempre comigo; a Tia Luísa que coze os brócolos duas vezes e que se discai no amigo secreto; o tio Rui que regista sempre tudo; a minha mãe que tão bem quer receber e que decora a casa de toda a gente; a Alexandra que faz os melhores comentários à troca de prendas; a Marina que faz uma declaração de amor ao marido; o Pedro corajoso que decidiu entrar na loucura desta família, a Tia Ana que pede para não fazermos tanto barulho; o Joel, que cozinha sempre com tanto amor; a tia Cristina que faz equipa com o Joel e frita o pão da carne; a Leonor que se atrasa sempre e a Margarida que passa o dia a fazer favores a toda a gente; o outro tio Rui que faz truques de magia; a tia Dalila que dança e o Marco que ainda não me deixou andar de mota; a tia Rita que faz as suas prendas à mão e o Francisco que brinca com os gatos.
Volto para Lisboa tão cheia de amor trago pedacinhos de Natal para distribuir por toda a gente. Porque nós somos assim, queremos a felicidade que temos para todos e então, com todo o amor, a Tia Anita e a mãe, colocam tarte de maçã, carne de vinho e alhos, broas e licores em pequenas tacinhas na mala de todos aqueles que partem após o Natal. como forma de agradecer às pessoas que de longe também vão olhando por nós.