28/12/14

What being home for Christmas means























Chego cheia de vontade de melhorar a minha técnica e tenho companhia| a mãe e os seus projetos de natal que vão pela noite dentro| a felicidade do natal é também fazer alguém feliz e digo adeus ao meu urso de infância |regresso à minha escola primária e a lembrança de descer a rampa a correr de braços abertos para abraçar quem me vinha buscar | nunca estou sozinha | concentração com mais exercícios de balett, manter o foco |o fiel companheiro da mãe nos preparativos para natal (plantar as searas e escolher as receitas) | "O amor acontece" e é natal |flores de natal para a avó sempre presente| depois da ceia de natal enquanto esperamos que cheguem da missa do galo o sono vai pesando| o dia de natal e a prenda do pai natal no sapatinho| a mesa das sobremesas e a frase "para o ano temos de fazer menos, isto é um exagero!" cada ano há mais | a troca de prendas com os de longe| a troca de prendas é sempre divertida e um marco da família | a tia Anita chora sempre | atentos à adivinha e quadras para saber quem é o seu amigo secreto | os papelinhos dos amigos secretos para o ano | a noite cai, ficam os mais resistententes e acabamos a noite com músicas de outros tempos, danças e conversas.o Tio Rui diz sempre que sou a melhor bailarina.

Natal

Há 6 anos que o meu natal começa com um fazer de mala, sem tempo. Com roupas mal dobradas e engelhadas jogadas e forçadas a caber numa mala que não quer fechar.
 Começa ainda em Lisboa. Muito antes de ser natal para a maioria das pessoas,já o é para mim, é ver-me a correr de folhinha na mão, às 10h da manhã, pela Feira do Relógio, a atender a todos os pedidos da minha mãe: 1kg de amêndoa, meio de nós mais não sei quantos de frutos secos e as miniaturas da bolinha feitas a pedido.
Depois o aeroporto, uma mala extremamente pesada e eu a temer (e tremer) pelo excesso de peso. Lá dentro, uma confusão de filas que lembra o natal, os voos atrasados e os reencontro de amigos que também voltam à ilha.
O avião cheio de gente com sacos (ou sacos com gente) ,que, como eu, regressam a casa para passar o natal com os seus, a maioria estudantes que vão lendo os calhamaços, lembrando os exames em Janeiro.
 E é quando me afundo na cadeira e aperto o cinto que, ignorando os  de segurança que já sei de cor, começo a sentir o conforto de voltar a casa.
Aconchega-me o pensamento de ter mãe à minha espera, daquela que, muito antes de eu chegar começou a preparar o meu regresso, com o carinho de quem sabe que não olho com bom grado para o facto de o meu quarto se ter transformado numa espécie de quarto de arrumações, e ajeita-o a cada chegada minha; com a preocupação de quem enche o frigorífico com tudo aquilo que mais gosto.
Imagino as decorações de Natal; uma árvore no sótão, outra na sala, um arranjo debaixo da escada e as noitadas da mãe para ter tudo pronto a tempo e horas; a cozinha numa bagunça devido às broas, bolos e a sobremesa nova que não poderia faltar!
 Saber que é sempre assim, ano após ano, reconforta-me o coração e faz-me ansiar por estes dias. Saber que exactamente tudo estará no mesmo lugar  e que há coisas que permaneceram intocáveis desde o dia em que saí, tornando-se numa espécie de casa- museu da minha infância.
Os pensamentos levam-me ao sonho e, ainda antes do avião levantar, já eu adormeci, numa descontracção natural de quem apanha um avião como se fosse um autocarro.
 Acordo minutos antes de aterrar, temendo a aterragem, mas ainda a tempo de olhar a minha ilha lá de cima e sorrir de felicidade por estar de volta.
Começo a imaginar quem estará à minha espera e antecipo o abraço apertado do reencontro, e depois todas as outras certezas, o sol, o quentinho, a sopa à minha espera, o quarto de princesa que permaneceu intocável todos estes anos, como se o tempo não tivesse passado por ali. O cheiro dos bolos, o acampamento de natal, o "estás mais magrinha", a visita à minha escola primária e secundária, os recantos, os corredores e as primeiras paixões.
Estar em casa é ter um conjunto de certezas que nos traz conforto, é ter a serenidade e voltar aos dias que passam devagar.






27/12/14

My favourite things :)

  • Aquecer os pés (esfregá-los uns nos outros para aquecê-los antes de adormecer)
  • Escorregar na cama, o frio dos lençois e o cheiro a amaciador
  • Comer Chocapic "seco" 
  • Longos  telefonemas
  • Cartas, postais e encomendas
  • O cheiro dos livros velhos
  • Bibliotecas
  • Dormir no chão num saco de cama
  • Adormecer no sofá
  • Acampar
  • Danças,canções e peças de teatro ao cair da noite num acampamento de verão
  • Conversar
  • Manhãs de Domingo e idas ao mercado
  • A luz do fim do dia a bater-me na cara
  • O cheiro do café pela manhã
  • Andar de bicicleta 
  • Chá quentinho
  • Andar descalça na relva
  • Dançar,dançar,dançar

14/12/14

De volta a Campo de Ourique

Às vezes volto ao 72 da Rua 4 da Infantaria. Sento-me no degrau do prédio da fente e fico a olhar para o apartamento que me acolheu pela primeira vez nesta cidade.
Regressar a Campo de Ourique é regressar à menina de 17 anos que se mudou de armas e bagens cheias de sonhos para Lisboa e que em Lisboa descobriu o Mundo.
É voltar ao sótão onde batia com a cabeça no teto e às noites no telhado a olhar a cidade a dormir.
É voltar às entrevistas, às câmaras,cassetes e microfones. Aos bolos da Bolinha, às tascas e aos amigos velhotes que fizeram do bairro um sítio melhor. Porque o melhor sítio são as pessoas.
Voltar a Campo de Ourique é voltar à praça do mercado, ao eléctrico e aos Prazeres. Aos velhos da Parada.
Voltar a este bairro é voltar à farmácia da madrinha onde as velhotas aviam a receita com meia hora de conversa.

É sempre bom voltar aos sítios onde fomos felizes.