Por vezes o dia é demasiado comprido, quase sempre. São birras, alegrias, escondidas, fadas dos dentes e apanhadas. Chego ao final do dia e não consigo levantar um dedo. Prolongo-me na conversa com os colegas, na esperança de adiar o que aí vem: a outra metade do dia (que não é metade, mas parece sempre).
Sem premeditação levanto-me e corro para os transportes. Sento-me no metro e adormeço, quase sempre. E depois engano-me na estação, quase sempre. E vou sempre para a saída dos comboios, mas era a outra que queria.
E na subida final ainda pondero faltar à aula, mas já ali estou e continuo.
Nunca sei qual é a sala, ainda não me oriento nos edifícios e dou grandes voltas. Engulo um folhado para o jantar e chego a correr e desorientada à sala certa.
Sento-me. O professor pergunta por mim, por onde tenho andado, outras vezes ignora a minha chegada tardia (talvez pelo ar de cansaço e o cabelo pegajoso e despenteado, obra das festinhas pequeninas sujas das guloseimas).
São precisos 15 minutos até que o meu corpo pare de tremer por finalmente se ter sentado e o meu cérebro conecta-se com o que o professor está a dizer. E eis que percebo que o tema é participação. Ganho nova energia e sinto que estou no caminho certo. Relembro-me o quanto gosto de aprender quando sinto que tudo isto me vai ajudar a melhorar aquele bocadinho de mundo que está à minha volta.
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