Encontrei no sótão um livro em branco que o meu pai começou
a escrever nos princípios dos anos 80. Infelizmente deixou-me apenas escritas
quatro páginas onde escreveu as suas reflexões sobre a juventude da sua atura.
Hoje partilho a primeira parte deste livro, até porque acredito que algumas
questões continuam atuais.
Nós os Jovens e a
animação eles (os adultos) e a tradição!
Nesta época em que estamos vivendo desassossegada de feitio,
nervoso de temperamento e improvisadora de carácter, necessita de ser mais
animada não por nós (pois com todos os males que nos afligem e dos males que
nos apontam, ainda temos bem vivo na alma o espirito animador) ma sim pelos
adultos, pois é neles que ponho o dedo na consciência. Partilho da mesma
opinião quanto aos jovens queimarem inutilmente o seu tempo livre na droga, no
álcool, na marginalidade, como os que passam horas na zona do Apolo. Mas
discordo quando afirmam que o Jovem de hoje está a morrer no espírito, na
inteligência e na imaginação, e até na fé (…).
No meu fraco e modesto entender, não posso nem devo dizer
que existe a “crise da juventude” pois parece mais exato falar da “juventude da
crise”, quer dizer de uma juventude, de uma geração que sofre em si os efeitos
próprios de uma crise mais extensa e mais extensa e mais profunda, porque
geral-crise que o homem de hoje sofre ao sentir em si a gestação dum mundo
novo. e então, porque falar da crise da juventude? Crise da juventude ou crise
dos adultos?
É preciso sim abrir mentalidade dos adultos, animá-la,
acarinhá-la e quebrar-lhes as correntes conservadoras e tradicionalistas de
leis e projetos e embalá-los suavemente ao ritmo da nossa animação.
Joel Camacho
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